Dialogar sempre é o caminho para encontrar um ponto de consenso quando há conflitos, mas só pode surtir algum efeito quando ambas as partes têm por objetivo a solução das divergências. Quando o dialogo serve apenas como forma de ganhar tempo ou com interesse de demonstrar um falso interesse na solução das demandas o melhor mesmo é ambos os lados se manterem em suas posições e a conjuntura é que definirá quem estava em melhores condições na correlação de forças.
O tempo por sua vez é uma arma poderosa numa luta por interesses divergentes. Por exemplo, numa greve entre trabalhadores e patrões o decorrer do tempo de paralisação pode afetar mais de um lado do que do outro. Para os trabalhadores quanto mais tempo decorre a paralisação a tendência é de enfraquecimento da mobilização, quando a maioria dos trabalhadores não está consciente da importância da luta. Para o patrão o tempo que os trabalhadores ficam parados é não produção e um exemplo do poder da organização coletiva que se constrói com a unidade colocando o patrão em posição desfavorável.
Isso pode demonstrar que o tempo para o dialogo é diferente, dependendo dos interesses de enfraquecimento de um dos lados. Tomemos como exemplo o candidato eleito para governo do Maranhão que propôs o dialogo em todo o Maranhão – antes das eleições – e promete a continuação desse dialogo quando tomar posse a partir de 1º de janeiro de 2015. Só que as conjunturas da máquina administrativa e a luta por direitos dos trabalhadores não respeita uma programação prévia dos fatos.
A vinte dias do fim do mandato da velha oligarquia – com a perspectiva do surgimento de uma nova oligarquia – que romperá o contrato com os professores seletivados – uma precarização do trabalho – que davam aulas na Universidade Estadual do Maranhão, deixando os professores com cinco meses de vencimentos atrasados e sem qualquer promessa de quitação dos seus direitos. Nesse mesmo momento, mesmo sem assumir formalmente o governo do Estado, o governador eleito não procura dialogar com os professores que prestavam serviços ao estado, impondo aos trabalhadores o seu tempo para dialogar e esse será a tônica desse governo. Quem define o tempo é sempre que está no poder, cabendo à sociedade aguardar que os governantes abram esse canal de dialogo para ouvir, atender as demandas nem sempre é a prioridade.
O vácuo entre o fim oficial do governo que sairá e a posse do novo governo não pode deixar os trabalhadores sem uma perspectiva de que os serviços prestados ao estado sejam honrados pelo que tomará posse, sob nenhuma alegação o governador poderá deixar de cumprir com sua parte, e por que não dialogar agora? Até mesmo antes do processo eleitoral o dialogo prévio era proposto a todo o momento, mas quando já definido no cargo, o interesse é que passe o tempo, coisa que os trabalhadores que precisam dos seus salários não têm o privilégio de dispor.