OCUPARTE, os desafios continuam

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Desde o dia 10 de maio de 2008 nós, artistas de Imperatriz, ocupamos o prédio da Biblioteca Municipal abandonada pelo poder público há mais de cinco anos. Ocupamos, propomos e desenvolvemos ações imediatas de formação, fruição e intervenção cultural na cidade que passava por um momento de total abandono. Por lá passaram cerca de 80 estudantes diariamente, oficinas, palestras, espetáculos e, por último, a exposição Reflexão das Máscaras.

Com o acordo feito ano passado, cabia ao movimento desocupar o prédio e assim o fizemos por três vezes, sendo o prédio arrombado, danificado e nossos objetos de arte quebrados. Segundo o secretário de educação do município na época, o senhor Moab César Carvalho Costa, estava garantida a proteção do prédio, a perícia para o tombamento e o empenho em garantir espaço para os artistas desenvolverem suas atividades. O município, porém, nada fez a não ser quebrar parte do muro para lacrar o prédio e nos expulsar. Derrubamos o lacre feito de tijolos e que descumpria a sentença no quesito de proteção ao patrimônio.

Voltamos a ocupar em dezembro de 2008. De lá até agora é bem verdade que não tivemos as mesmas ações, entretanto, não saímos nem arredamos pé dos nossos princípios. O movimento continuou se encontrando e por diversas vezes discutiu com representantes da atual gestão para o cumprimento das responsabilidades que cabia a ambas as partes. Como resultado destes encontros e a boa vontade demonstrada por parte do município em cumprir o acordo, decidimos sair do prédio.

Saímos vitoriosos. Garantimos o tombamento do prédio e a certeza de termos contribuído um importante momento histórico do município.

Nossos próximos desafios são muitos. O primeiro é acompanhar e garantir que a lei seja cumprida, que os estudos sejam iniciados e o prédio recuperado e tombado. E pela grande importância, queremos e vamos lutar para que seja um espaço cultural que abrigue parte da história de Imperatriz. Quem sabe uma “Casa da memória”, um museu ou uma biblioteca especializada em arte.

Sabemos que existe por parte do atual Secretário de Educação a intenção de montar novamente a Biblioteca Municipal e nós não concordamos por ser um espaço pequeno à altura da cidade. Sabemos também que não existe outro prédio público que abrigue no momento o acervo existente de modo decente e não somos nós que privaremos a cidade de desfrutar do conhecimento! Provisoriamente pode ser a única saída., mas nós lutaremos pela construção de um prédio amplo e condizente com as necessidades da população imperatrizense.

Queremos não somente uma, mas várias bibliotecas, nos muitos bairros da cidade e inclusive nos povoados. Com o tombamento do espaço fica impossível a ampliação do prédio e isso não tem que ser visto como perda. A única perda é da nossa história se não zelarmos por ela e dela não abrimos mão!

Temos dois representantes do movimento cultural compondo a atual equipe da Fundação Cultural de Imperatriz e esperamos deles um olhar especial para as políticas públicas culturais do município e que, de fato, possamos avançar com produção cultural, formação, intercâmbio e o fomento.

Sabemos que não depende exclusivamente deles, entretanto estaremos atentos e não abriremos mão das críticas necessárias.

A Fundação Cultural, que na gestão anterior serviu apenas para abrigar um gestor desprovido de comprometimento com a classe artística, nunca fez algo relevante para a cidade. A ação mais concreta foi certamente o desmonte do conselho de cultura e a transferência de bens materiais para destinação desconhecida – instrumentos, estúdio de gravação sonora, materiais diversos utilizados em oficinas e a inércia perante o grande celeiro de produção cultural que é a cidade de Imperatriz.

Continuamos nossas lutas e ocuparemos outros espaços físicos e imaginários que se tornem necessários, se erramos por omissão no passado o presente nos cobra o dobro.

Não à escuridão da cidadania cultural. Viva a mobilização popular!

Movimento Ocuparte
DCE UEMA
CACOS – Centro Acadêmico de Comunicação Social – UFMA
CASA DAS ARTES

Sou apenas um trabalhador assalariado, casado com a companheira Irisnete Geleno, pai de quatro filhas(Ariany, Thamyres, Lailla e Rayara), morador da periferia (Boca da Mata-Imperatriz), militante partidário (PSTU) que assumiu algumas tarefas eleitorais como candidato (2006, 2008, 2010 e 2012) e que luta por uma sociedade COMUNISTA. Sempre fui e continuarei sendo a mesma pessoa de caráter que meus pais, minha escola, meus amigos ajudam a forjar. Um comunista escravo do modo de produção capitalista que não aceita a conciliação de classe defendida por muitos que se dizem de "esquerda", mas que na verdade são pequeno-burgueses que esperam sua chance no capitalismo.

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