Relato do camarada Henrique Canary

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praça-vermelhaFoi hoje, há 97 anos. O PSTU acaba de lançar uma cartilha popular para contar aos trabalhadores brasileiros do início do século 21 o que aconteceu naquele 7 de novembro (25 de outubro, pelo calendário juliano) de 1917. Não há muito a acrescentar sobre a importância histórica do fato. Acho que todos que puderem deveriam ler a cartilha que lançamos. Gostaria aqui, portanto, de fazer um relato pessoal: Moscou não foi o palco principal da Revolução de Outubro. Petrogrado foi. Mas uma das maiores emoções da minha vida foi, com certeza, o dia em que entrei pela primeira vez pelos portões da Praça Vermelha e vi, ao fundo, quase no horizonte (a Praça Vermelha é enorme!), se levantarem majestosa e lentamente a catedral de São Basílio e a torre do relógio do Kremlin. Pensei que aquelas pedras gastas do século 16, que durante centenas de anos foram testemunhas das decapitações e enforcamentos promovidos pelos czares para amedrontar o seu próprio povo, tinham também, por outro lado, sido pisadas por Lenin, Trotsky, pelos heróis da sangrenta tomada do Kremlin e por milhares de operários revolucionários, cujos nomes jamais saberemos, mas que ali comemoraram, durante muitos anos, o aniversário da Grande Revolução de Outubro, o dia que foi o dia da sua libertação. 

Quando fui embora da Rússia, em 2003, fiz questão de me despedir da praça. Na véspera da viagem, à noite, fui até lá novamente. Fiquei alguns minutos em silêncio, contemplando aquela imensidão de pedra e cores. As pessoas não sabem, mas “vermelha” não é uma tradução precisa. O fato da praça ser cercada pelas muralhas vermelhas do Kremlin e do vermelho ser a cor da luta dos trabalhadores não ajuda a desfazer a confusão. Na verdade, ela chama-se “Praça Bonita”. Em russo antigo, a palavra “bonita” e a palavra “vermelha” eram uma só. O que era bonito era vermelho. E tudo que era vermelho era também bonito. Que ironia linguística e histórica! Somente depois, quando surgiu o russo moderno, as palavras se separaram, mas o nome da praça permaneceu o mesmo, causando essa confusão nas traduções. 

Naquela noite quente de agosto, eu olhava as luzes da praça e não sabia se algum dia voltaria à Rússia. E isso me angustiou. Mas encontrei algum consolo quando pensei que os melhores anos da minha vida até então tinham sido vividos na pátria da primeira revolução socialista vitoriosa, na terra de Lenin e Trotsky, dos soviets, dos sovkhozes e do Exército Vermelho. Percebi então que a revolução russa estava dentro de mim, mas que eu estava também, pelo menos um pouco, dentro da revolução russa, ali, em meio àquelas pedras. E me despedi feliz.

Viva a Grande Revolução Socialista de Outubro!

Texto extraído do facebook de Henrique Canary

Sou apenas um trabalhador assalariado, casado com a companheira Irisnete Geleno, pai de quatro filhas(Ariany, Thamyres, Lailla e Rayara), morador da periferia (Boca da Mata-Imperatriz), militante partidário (PSTU) que assumiu algumas tarefas eleitorais como candidato (2006, 2008, 2010 e 2012) e que luta por uma sociedade COMUNISTA. Sempre fui e continuarei sendo a mesma pessoa de caráter que meus pais, minha escola, meus amigos ajudam a forjar. Um comunista escravo do modo de produção capitalista que não aceita a conciliação de classe defendida por muitos que se dizem de "esquerda", mas que na verdade são pequeno-burgueses que esperam sua chance no capitalismo.

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