Saiba o porquê da elite “defender” a geração de empregos

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Não é nenhuma surpresa ouvir nos discursos de políticos, que representam os interesses das elites (empresários e banqueiros) e associações de patrões, defendendo a geração de emprego. Mas não são eles que reclamam da alta carga tributária sobre a contratação no Brasil? Isso não seria contraditório se as tecnologias aplicadas à produção — que estão aí — substituíssem o que eles dizem considerar de pouca valia, a mão-de-obra?

O atual mandatário Michel Temer, re-eleito na chapa PT-PMDB em 2014, vem pondo em prática, projetos de reformas (trabalhistas e previdenciárias), já gestadas por outros governos. Mesmo com propostas que precarizam as relações de trabalho, ampliam a idade mínima de aposentadoria e restringem o acesso a benefícios previdenciários, sua principal justificativa é colocar o Brasil num ritmo de crescimento e saída da crise — instalada desde 2008 — com a geração de mais empregos:

A resposta à crise artificial é clara. Tivemos abertura de novos empregos em três dos cinco primeiros meses do ano, em fevereiro, abril e maio. Em 2017 a geração de empregos já é positiva. Nosso trabalho agora é ampliar esse quadro e absorver os milhares de brasileiros que estão fora do mercado de trabalho. (Portal Planalto, 2017, grifo nosso)

Para “O GLOBO” “Segundo Temer, a Constituição prestigia a iniciativa privada porque se a atividade privada for bem-sucedida são gerados empregos e é criado um ciclo virtuoso”. Temer é só um representante do meio político que defende a geração de emprego, há também patrões que seguem a mesma linha.

Patrão defendendo o emprego

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf: “A regulamentação deve ser vista como uma nova oportunidade para geração e manutenção de empregos no Brasil e a garantia de direitos de milhões de trabalhadores que já exercem sua atividade nessa modalidade”. Esta fala está no contexto de sua defesa do projeto de abertura das irrestritas terceirizações que tramita na Câmara e no Senado.

Até quem nunca trabalhou como o atual prefeito de São Paulo, João Dória, demonstra um certo “orgulho” em ter um documento como a Carteira de Trabalho, chegou até refutar crítica feita pelo ex-operário que virou presidente para defender os patrões. Em sua defesa, gravou um vídeo que mostrava sua CTPS (vídeo excluído da rede), claro que na parte de identificação, pois, dificilmente existe assinatura de algum vínculo de contrato de trabalho nela.

Por que os políticos e patrões se “esforçam” tanto em defender o emprego e se apresentarem também como “trabalhadores”? Por que têm “vergonha” de dizerem que são da classe burguesa? Estando eles em condições de vida muito superiores aos dos que vivem do trabalho e justamente, se mantém nela, pela relação capitalista do modo de produção onde uma classe, a burguesa (que não produz), sobrevive da exploração de outra, a classe trabalhadora (que produz riqueza através do trabalho).

Essa relação de produção é o “X” da questão! Se uma classe se mantém através da exploração do trabalho de outra classe, logo, quanto mais pessoas estiverem trabalhando (empregadas), mais pessoas estarão gerando riqueza que será roubada pela classe dominante, a burguesia. É nesse contexto que temos políticos e patrões (classe burguesa) defendendo em conjunto a geração de emprego, que modifica a vida do trabalhador, não a ponto de romper com a exploração, mas de melhorar suas condições de vida, mantendo-se o explorado em “melhores” condições.

Para as elites, o fato de “melhorar” as condições de vida dos trabalhadores, lhes garantindo um emprego — coisa que em momentos de crise se reduz — é justo que os trabalhadores renunciem a direitos trabalhistas e de aposentadoria para que mais trabalhadores entrem no mundo do trabalho, ou melhor, possa ser explorado. Não bastando aumentar o contingente de “escravizados”, é necessário para elite que esses novos empregados entrem em condições inferiores aos que já estão sendo explorado, assim, o lucro sobre a exploração do trabalho garante e aumenta os privilégios da classe burguesa.

Enquanto os trabalhadores estiverem sob o domínio das ideias e da ideologia da classe burguesa, estarão acreditando que a defesa da geração de empregos pelos patrões seria a demonstração que eles querem o bem para a classe trabalhadora — podem até querer — pois, eles têm a consciência que só da exploração do trabalho, é que eles podem se manter, enquanto classe privilegiada pelo modo de produção capitalista.

Eliminar o trabalho como a fonte de geração de riqueza, mesmo com toda a tecnologia até agora construída — também pelo trabalho do homem —, eles ainda não conseguiram e não conseguirão. Sabendo disso é que eles reforçam entre si, os discursos mentirosos de serem defensores das melhorias das condições de vida da classe que eles tanto exploram, e a demonstração dessa falsa defesa é dizer que defendem a geração de empregos para “ajudar”, sendo que, na verdade, continuam mantendo os trabalhadores sob sua dominação.

Sou apenas um trabalhador assalariado, casado com a companheira Irisnete Geleno, pai de quatro filhas(Ariany, Thamyres, Lailla e Rayara), morador da periferia (Boca da Mata-Imperatriz), militante partidário (PSTU) que assumiu algumas tarefas eleitorais como candidato (2006, 2008, 2010 e 2012) e que luta por uma sociedade COMUNISTA. Sempre fui e continuarei sendo a mesma pessoa de caráter que meus pais, minha escola, meus amigos ajudam a forjar. Um comunista escravo do modo de produção capitalista que não aceita a conciliação de classe defendida por muitos que se dizem de "esquerda", mas que na verdade são pequeno-burgueses que esperam sua chance no capitalismo.

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