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Todos sabem que o líquido mais precioso do planeta, que garante a sobrevivência da espécie humana, a água, é também um dos principais “insumos” utilizados na grande maioria dos processos industriais. Não se pensa uma indústria que não utilize água no seu processo produtivo. A empresa Suzano e as águas do Maranhão têm uma relação muito mais forte do que o que é propagado pelos governos e pela mídia em afirmar que haverá só geração de empregos.
Ao longo dos anos as terras do Maranhão foram invadidas por grandes plantações de eucalipto — que tem a fama de serem grandes consumidores desse bem —, encontrando em nossas terras condições nutricionais do solo e abundância de água que garante grande produtividade com redução do tempo de desenvolvimento e elevação da sua massa — de 18,5 anos em seu país de origem, a Austrália, para menos de sete anos em média no Brasil. Cidades como Urbanos Santos e Cidelândia — no Maranhão — foram as primeiras do Estado a receber o plantio dessa árvore, hoje em todo o Estado do Maranhão as plantações ocupam vastos territórios e em ampla expansão.
Em Imperatriz, graças a acordos para isenção e redução de impostos da gestão municipal de Sebastião Madeira/PSDB, será instalada uma unidade fabril da empresa SUZANO PAPEL E CELULOSE que pretende produzir celulose tipo exportação, aproveitando as condições de logística (hidrovia, ferrovia e BR-010), ambientais (abundância de água: riachos e Rio Tocantins), terras férteis e baratas, além da disponibilidade de energia elétrica com o “linhão” Norte-Sul (Eletronorte) e a usina hidroelétrica de Estreito, para a instalação de uma fábrica que realizará o processo mais poluente da produção de papel, que é o processamento da madeira para a produção da celulose, comparando-se às gusarias para a produção do ferro ao nível de poluição do ar, água e solo.
No processo de coleta de dado para elaboração do EIA/RIMA foram mapeados os riachos Barra Grande Murajuba (Cinzeiro) para o fornecimento da água que abasteceria todo o processo de produção da fábrica. Uma grande falácia montada entre a Empresa Suzano, governo do Estado e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão — SEMA, para garantir a concessão da outorga de uso das lâminas superficiais e subsolo desses riachos.
Quem conhece a região onde se encontram esses riachos (Barra Grande, Murajuba e Cinzeiro), localizada à cerca de 13 km do perímetro urbano de Imperatriz, sabe que ao longo dos anos — coincidentemente próximos às plantações de eucalipto — vem-se perdendo sua perenidade e volume de água e, consequentemente, ocorrendo a diminuição de cardumes que eram abundantes, principal fonte de proteína para as comunidades tradicionais da região, a exemplo do riacho Cinqueiro.
Ironicamente no item 4.2.2 do Estudo de Impactos Ambientais – EIA/RIMA produzido Poyry Tecnologia Ltda, contratada pela Suzano, faz-se o seguinte registro:
Ictiofauna O rio Tocantins e seus afluentes, dentre eles o Barra Grande e o Murajuba, tem mais de 400 espécies de peixes registrados. Pelo menos outras 56 não foram identificadas, tampouco descritas (sem registros). Toda essa riqueza, no entanto, está correndo o risco de ser prejudicada pela interferência humana principalmente pela construção de reservatórios e da piscicultura na região do empreendimento (EIA/RIMA, 2011, p. 56-57, grifo nosso).
Como se vê, apesar de mais de 20 anos da existência do plantio da monocultura do eucalipto sua sistemática expansão no plantio não é citada como fator/causa da diminuição da fauna (peixes) nesses riachos afluentes do Rio Tocantins. O fato é que a concessão foi dada para a capitação das águas dos riachos pesquisados e citados no EIA/RIMA elaborado pela empresa SUZANO PAPEL E CELULOSE, mas que na prática, eles sabem da incapacidade que os referidos riachos têm para fornecer a água necessária para a produção na fábrica. O engodo está sendo desvendado. Na verdade, a outorga pela SEMA era para encobrir a real fonte a qual a empresa tinha interesse de usar, o Rio Tocantins. Como a concessão de uso do rio envolvia negociações e estudos de impacto ambiental com órgãos federais — Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA/Agência Nacional de Águas-ANA — tal concessão faria com que a empresa demandasse de mais tempo e desembolso para conseguir tal aprovação tentar-se-á mascarar com a legalização pelo órgão estadual.
O Rio Tocantins vem ao longo do tempo sofrendo com o despejo — sem tratamento — do esgoto produzido por cidades como: Estreito, Porto Franco, Imperatriz no Maranhão e Tocantinópolis, Itaguatins no Tocantins etc., pelo assoreamento de seu leito com a eliminação de suas matas ciliares e mais recentemente com a construção das Usinas Hidroelétricas de Estreito. Agora terá mais uma fonte poluente com a instalação da fábrica da Suzano e de outras indústrias químicas que se implantarão na cidade para atender as necessidades da produtora de celulose.
Fica a tarefa de denunciar esse crime cometido pela empresa Suzano e pelo governo do Estado do Maranhão, através da Governadora Roseana Sarney, que com toda certeza é conivente com esse crime ambiental, com a falsa informação para a administração pública, bem como, o gestor municipal que trata a empresa como a redentora dos problemas de Imperatriz.
Precisamos apresentar uma alternativa para conservar esse bem tão importante para a manutenção da vida. Para tanto é necessário mudar o modo de produção, como alternativa o socialismo, para utilizar de forma racional a natureza através de uma produção planificada para a conservação das águas e dos ecossistemas mais diversos existentes no planeta.
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