Na década de oitenta os acontecimentos na política, com as discussões para a elaboração da nova constituição; na sociedade e na economia, com os altos índices de inflação; na saúde, com a identificação e a expansão do contágio do HIV davam a tônica da turbulência dos acontecimentos ao que se chamou de “década perdida”, mas como escreveu Cazuza sobre sua condição de portador do vírus, o tempo não pára.
Na atual conjuntura brasileira os versos do cantor e compositor Cazuza, principalmente, no que diz respeito à política, dão conta de entender o que acontece. Para o Partido dos Trabalhadores os versos: “A tua piscina tá cheia de ratos / Tuas ideias não correspondem aos fatos” descreve bem a crise desse partido frente a sua política de conciliação de classe, como último exemplo, sua base defendeu o nome de Roberto Maia/DEM — principal partido da direita conservadora — para a presidência da Câmara dos Deputados.
Teórico da revolução proletária já escrevia no século XIX algo também dita nos versos: “Eu vejo o futuro repetir o passado / Eu vejo um museu de grandes novidades”. A história se repetindo no presente, não mais como tragédia, mas como farsa.
Apesar dos exemplos dados pelo PT, na tentativa de conciliação de classe que culminou no resultado do seu envolvimento na corrupção para se manter no poder muitos ainda se iludem. O PT tornou o discurso da esquerda — a esquerda deles — alinhada com a moral capitalista: “Transformam um país inteiro num puteiro / Pois assim se ganha mais dinheiro”, sempre na perspectiva de compra de uma governabilidade com apoio dos partidos burgueses.
O turbilhão de instabilidade — política e econômica — por que passa o país vem atraindo muitos acreditam que a direita está ressurgindo via um golpe. A saída para esse bloco é a defesa do populismo petista para o continuísmo do projeto de conciliação de classe.
A cada dia que se passa o PT dá mostras de sua adaptação à ordem burguesa é um processo irreversível, mas para aqueles que acreditam no contrário nada melhor do que o tempo porquê:
O tempo não pára
Não pára não, não, não, não, não pára.