Na atualidade a moda é negar, ou pelo menos se iludir, que muitas concepções tenham perdido sua definição, seja como os defensores da extinção das classes sociais – explorados e exploradores – limitando-as a meros degraus alfabéticos (A, B, C, D, E…) de “mobilidade econômica”; seja com os teóricos com suas teses de pós-modernidade com o objetivo de reforçar a negação da divisão social e a pregação de um neocapitalismo, cuja superação das classes sociais seja um novo modo de produção que vê no trabalho uma “fábrica” individual e, portanto, todos são detentores da possibilidade de acumulação. Isso tudo levará a uma afunilamento das posições políticas na contemporaneidade.
O discurso ideológico atual é a todo custo ter uma posição diferente da que víamos há algumas décadas atrás com antagonismos declarados: Capitalismo versus Comunismo, Burguesia versus proletariado, marxismo versus liberalismo, etc. O mesmo discurso foi incorporado também no campo da política partidário ideológica onde as várias siglas refletem uma unidade de programa comum, mesmo os que se declaram os mais progressistas.
Os partidos defendem uma unidade conflituosa em seus interesses imediatos buscando ser o mediador dessas demandas, chega-se ao ponto de à primeira vista muitos não saberem diferenciar os interesses que apesar de tanta negação são indissolúveis, ESQUERDA versus DIREITA.
Durante a cobertura pelos telejornais da morte de Eduardo campos, então candidato a presidência pelo PSB, o jornalista ao falar sobre sua biografia citou uma frase atribuída ao candidato em que se colocava como “um esquerdista amigo dos empresários”, mas esse é um recente exemplo de uma tendência que a muito vem se construindo desde que um operário [LULA] chegou à presidência da republica até sua afirmação celebre: “canavieiros são heróis”. E assim o discurso vai se reproduzindo tanto pelo lado do empresariado quanto da esfera partidária que não por coincidência cumprem o papel de amortecedores entre o patronato e os trabalhadores, sendo a última a verdadeira produtora da riqueza usurpada pelos dois aliados, partidos e patrões.
Mas não, não é verdade que todos cumpram essa tarefa de introjetar o discurso de que não há mais separações, todos estão nas mesmas condições, até porque ainda estamos sob a égide do capitalismo e do neoliberalismo. A tendência desse afunilamento das posições políticas está servindo na verdade para uma verdadeira separação entre o joio e o trigo, ou melhor, a tendência é que os trabalhadores consigam de forma mais fácil identificar que todos aqueles que têm esse discurso na prática são todos joio, pois a coalizão de todos esses poderão ser de forma mais clara como um só, um só explorador do proletariado.