49 anos após 1966 a história se repete no Maranhão

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Em 1966, assumindo o governo do estado do Maranhão após derrotar o coronelismo, está José Sarney em meio à multidão de populares, em praça pública, com um discurso de redenção e progresso. Quarenta e nove anos após se desenha a reprise da cena de um documentário como o produzido por Glauber Rocha “MARANHÃO 66” para a história desmentir as palavras soltas ao vento. Para alguns, a história não se repete, para outros se repete com personagens de grande importância (Hegel). Marx (1852) “concordando” com Hegel complementa:

Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. (MARX, 1852, grifo nosso).

Pois bem! Se o primeiro é na forma de tragédia como o que passou o Maranhão em quarenta anos de governos do clã Sarney, mantendo o povo na miséria para se garantir no poder, o segundo seria como farsa. Uma farsa em vários aspectos, desde um discurso de “esquerda” e progresso, mas se aliando com o capital e os ratos que abandonavam o navio náufrago dos Sarneys, até a aliança com a direita política e empresarial que sempre esteve com o poder que troca de mão nesse momento, entre outros pontos. No decorrer do governo Flávio Dino/PCdoB, que assume em 1º de janeiro de 2015, a farsa só tende a ser desvelada aos olhos dos mais incrédulos, que na ânsia de derrotar uma oligarquia ajudaram a manter sob seu controle as velhas e construir outras.

Senhoras e senhores, é preciso SONHAR e ACREDITAR NOS SONHOS.

Eu sonhava com esse momento, porque eu acredito no Maranhão. Num mundo em que nações travam guerras por recursos hídricos, nós temos água em abundância.

Num mundo em que pessoas morrem por falta de alimentos, inclusive no Maranhão, nós temos boas terras.

Nós temos fontes de energia, somos o estado do Brasil que tem o complexo portuário mais próximo dos grandes mercados consumidores do mundo, além de termos o segundo maior litoral do país.

Eu acredito que não deve haver contradição entre crescimento econômico e justiça social. Por isso, vamos impulsionar um novo ciclo de crescimento econômico no Maranhão que irá valorizar as vocações locais, integrar esforços de grandes e pequenos, incentivar o desenvolvimento de nosso mercado interno, potencializar nossa posição logística para buscar novos mercados, tudo com respeito ao meio ambiente e às populações tradicionais. Um novo ciclo de desenvolvimento, que finque raízes fortes em nossa terra, será a base da construção de um Maranhão mais justo (FLÁVIO DINO, 2015)1.

Não estamos em 1966, entretanto, o cenário não é muito diferente: um Estado com grandes potencialidades naturais e de mão de obra,  com sua população mantida na pobreza, enquanto os ricos sugam seus recursos naturais e exploram seus trabalhadores. O maranhão de Sarney a Dino é formado por mini-oligarquias que estão sempre ao lado do poder que as preservam, um eleito com o discurso de “choque de capitalismo para o Maranhão” (FLAVIO DINO, 2015), como se a miséria no capitalismo não existisse ou se a sua superação só viesse do desenvolvimento do capital.

Tudo isso será sintetizado na figura de um governador em praça pública, com a presença de maranhenses trazidos em caravanas dos quatro cantos do estado — como gados para o abate — por seus “donos”, para ouvir o mesmo discurso de progresso para o estado. Aí fica a pergunta: nesse estado tomado pelo capital estão incluídas suas populações quilombolas, camponeses, indígenas ou será apenas para os empresários e políticos que sustentam e se sentam na cadeira de governador? Só o tempo confirmará a tragédia e a farsa!

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[1]Trecho ipsis litteris do discurso de posse de Flávio Dino/PCdoB como governador do Maranhão em 2015. Disponível em: https://vermelho.org.br/2015/01/01/leia-na-integra-o-discurso-de-flavio-dino-na-assembleia-legislativa/

 

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Sou apenas um trabalhador assalariado, casado com a companheira Irisnete Geleno, pai de quatro filhas(Ariany, Thamyres, Lailla e Rayara), morador da periferia (Boca da Mata-Imperatriz), militante partidário (PSTU) que assumiu algumas tarefas eleitorais como candidato (2006, 2008, 2010 e 2012) e que luta por uma sociedade COMUNISTA. Sempre fui e continuarei sendo a mesma pessoa de caráter que meus pais, minha escola, meus amigos ajudam a forjar. Um comunista escravo do modo de produção capitalista que não aceita a conciliação de classe defendida por muitos que se dizem de "esquerda", mas que na verdade são pequeno-burgueses que esperam sua chance no capitalismo.

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