As crises de governabilidade, de poder e econômica na atual conjuntura brasileira põem os trabalhadores em uma perspectiva sombria: ressurgimento de uma direita fascista e a coalizão entre os setores da burguesia. E para piorar a desmobilização dos movimentos sociais patrocinado pelos doze anos de governo do PT. Para a maioria só há escolha entre ser assado no espeto ou frito na frigideira. O abandono dos partidos que sustentavam a governabilidade de Dilma/PT demonstram que a burguesia tem pressa.
No período em que a economia possibilitava ao governo do PT criar condições para que o empresariado (burguesia) continuasse a ganhar dinheiro – mesmo com uma crise econômica que não havia atingido com maior força o país – através de subsídios a ramos da economia produtiva e financeira como a colocação do Estado como “afiançador” das linhas de crédito em empréstimos a uma parcela da sociedade que não tinha acesso ao mercado de consumo. Até aqui a burguesia não havia declarado guerra, mesmo fazendo exigências de mais concessões (trabalhistas, principalmente).
No que se referem às reformas no campo das relações do trabalho os governos do PT (Lula e Dilma) continuavam a realizar muito do que desejava a patronal, mas com passos lentos, pois buscava a articulação com sindicatos e centrais sindicais como a CUT para convencer os trabalhadores de que seria bom para “garantir os empregos”. Inúmeros projetos foram aprovados com a anuência dos “representantes sindicais”. Apesar disso, muitos outros para reduzir ainda mais direitos já foram negociados, mas o trabalho de convencimento – “ou aceitamos ou os patrões vão pedir mais” – ainda não foi aplicado por esses sindicatos.
Mas se o PT consegue realizar o projeto da burguesia sem conflito com os trabalhadores por que essa burguesia deixou de apoiar o governo?
A resposta está no título desse texto: “A burguesia tem pressa”. Com a impossibilidade do governo do PT manter a crise econômica camuflada com intervenção do Estado nos investimentos cujos principais beneficiados eram a classe empresarial e banqueiros. E, com a quebra da lógica do “eu invisto em sua campanha e seu governo executa a obra superfaturada com minhas empresas”. As prisões dos grandes financiadores das campanhas eleitorais pela PF através da operação Lavam Jato, os burgueses consideraram como traição do governo ao não impedir a atuação da operação e dos resultados oriundos delas.
Essa quebra de confiança somado com a crise econômica que já não se podia mais esconder, mesmo com “pedaladas” tornou inviável para a burguesia a espera por um restabelecimento das condições que mantém os empresários lucrando e o governo com uma base de apoio que garante a sustentabilidade do governo.
Quem vai pôr o pé no acelerador das reformas exigidas pela burguesia?
É evidente que os deputados e senadores e todas as direções partidárias da burguesia receberam a ordem de abandonar a proposta de que o governo conseguiria efetivar os interesses da classe dominante.
Para a burguesia não basta sair da base de apoio, é preciso substituir o governo de conciliação de classe do PT por um governo que atenda de forma imediata as necessidades da classe dominante. O escolhido não é de fazer nenhuma surpresa, não vem da oposição, ele é do partido burguês que compôs a chapa do PT, com mandato e com uma política mais agressiva contra os direitos dos trabalhadores.
A pressa que Temer e o PMDB têm de, sendo o maior partido da Câmara e do Senado, ocupar a cadeira presidencial e às rédeas das reformas trabalhistas, previdenciária, concessões de serviços e empresas públicos, as quais ele tanto já disse serem necessárias para o “bem do país”