É recorrente entre militantes românticos de esquerda em criticarem os partidos de esquerda revolucionária pela sua “falta” de união – principalmente em momentos eleitorais – e, que essa desunião só fortalece a direita. É preciso saber que há conflitos internos dentro da direita brasileira. Se isso não existisse, haveria um partido único também deles. A questão não é um “partido único” mais sim: princípios, táticas e estratégias que devem estar em consonância com o que se define esquerda e direita.
Alguns “fatalistas” dizem que a burguesia está unida e mais forte que nunca pelo simples fato de que se conseguiu retirar do cargo de presidente um partido que se travestia de esquerda e deu posse ao segundo na linha sucessória, um representante autêntico do partido da direita. Ao contrário, Michael Temer/PMDB e todos os partidos de direita que formam seu governo terão uma prova de fogo para alcançar uma unidade tanto no campo da governabilidade quanto das políticas de um Estado mínimo prometido.
As medidas político-econômicas anunciadas – ainda não postas em prática – encontrarão muitas criticas pelas forças que apoiam esse governo. Primeiro que a retirada de concessões do governo Dilma/PT – “Bolsa banqueiro” e “Bolsa empresário” – só poderão ser efetivadas depois de uma reforma trabalhista e previdenciária da classe trabalhadora – pondo-o toda a crise nas costas dela – e isso não deve se dá de forma tão pacífica assim. Segundo que a coalizão frágil do governo com os partidos de direita terá uma grande pressão que deve vir dos municípios, da base desses partidos que têm a esperança nas eleições desse ano de tomar os postos de executivo e legislativo municipais dos partidos de frente popular como o PT e o PCdoB, mas com a efetivação de medidas impopulares e uma crise ainda permanente deve prejudicar em muito as candidaturas desses partidos.
Dessa forma pode-se perceber que o processo de luta não se dá apenas entre as classes – operária e burguesia – ou seja, o processo também existe intraclasse. Muitos acham que a perda de apoio político foi resultante da disputa entre as classes: de um lado PT/PCdoB, representando a classe trabalhadora, e de outro o PMDB/PSDB representando a burguesia. Mas não, os conflitos existentes que levou ao declínio dessa coalizão de direita foi uma briga extraclasse, portanto, deve permanecer também tendo Temer com o novo timoneiro.
Tanto o capital tem interesse no sucesso das medidas – neoliberais em essência – quanto o novo governo que esses problemas internos da direita atrapalhem o objetivo de tornar o Brasil adequado aos interesses internacionais como sempre teve enquanto nação subalterna.
Os trabalhadores serão os agentes ativos no combate dessa nova realidade política e de governo. A crise econômica não deve se dissipar pela vontade desse governo e a classe trabalhadora deve ficar atenta para não servir de bucha de canhão da classe média que até ontem sabia muito bem a quem se aproximar para garantir seu padrão de consumo, culpando o governo que dizia ser dos trabalhadores.