Há alguns anos atrás ouvi a afirmação de um filósofo e professor baiano que visitava a cidade que disse: “Imperatriz não precisa de shopping, porque a cidade toda é um shopping horizontal. Vende-se de tudo em qualquer bairro de qualquer parte da cidade”.
Atualmente essa afirmação se concretiza, não pela ausência de shoppings – tradicionalmente falando – mas porque tudo o que se pensa na esfera pública (órgãos, eventos, etc.) está sendo direcionados para esse tipo de local, mais especificamente um shopping em específico.
A coisa privada sempre foi adotada pelos gestores públicos com ações de desenvolvimento frutos de suas gestões e articulações para possibilitar a implantação de tais empreendimentos comerciais, e a construção dos últimos dois shoppings da cidade não foi diferente.
Todos os esforços públicos para garantir o sucesso do empreendimento, desde sua inauguração, está sendo feito, seja na concessão de áreas públicas “Rua Euclides da Cunha”, na manutenção constante do acesso de vias (àquelas de interesse dos empresários), seja na ocupação do espaço para ações públicas com shows e eventos.
Recentemente foi informado que o órgão estadual VIVA CIDADÃO que centralizava os serviços de emissão de RG (SSP), Carteira de Trabalho (MTE), Título de Eleitor (TRE), PROCON entre outros será transferido do prédio localizado desde 2000 na Rua Godofredo Viana, 757 na área central da cidade passará a funcionar nas dependências do Shopping Imperial.
Em conversa com uma das funcionárias do órgão, ela relatou que o aviso de mudança pegou todos de surpresa, primeiro pela distância da parte central da cidade, segundo pelo próprio ambiente de funcionamento causar inúmeros constrangimentos. Muito dos cidadãos atendidos pelo órgão são de comunidades carentes de Imperatriz e das cidades da região circunvizinhas. Pessoas humildes, que apesar de vestir seu melhor o traje, o da missa/culto do domingo, destoa com o “padrão” do ambiente elitista dos shoppings.
Não faz muito tempo que a decisão de jovens de comunidades carentes marcando encontros em áreas de shoppings (rolezinhos) causou grandes conflitos pela descriminação social e econômica desses.
O que percebemos é que essa tendência de “mudar” Imperatriz para o shopping vem se confirmando a cada dia. Ou seja, a visão do filósofo que Imperatriz pelo acesso disseminado nos bairros de serviços e produtos seria a cidade toda é um shopping vai sendo alterada no que diz respeito aos órgãos e serviços públicos à população, todos sendo direcionados para o centro de compras que passa a ser o centro das ações governamentais também.
Mais uma vez o público se tornando privado para dizer que é bom.