Quando um comunista deve se pronunciar?

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pronuciamentoDurante uma conversa com um estudioso do marxismo, onde discutimos a atual fase da luta de classes no Brasil e no mundo, em especial em nosso país, surgiu esse questionamento: um comunista só deve se pronunciar em momentos de crise do capitalismo?

Durante o dialogo identificamos várias questões que dificultam ainda mais o reconhecimento da classe operária da necessidade de uma transformação social e econômica, a principal delas é o momento em que uma parcela dessa classe operária tende a obter uma ascensão social e a elevação do poder de consumo, os governos vão afirmar que ascenderam à classe média, situação nunca antes vista durante a vida de muitos. Falar nesse momento da necessidade de uma mudança econômica durante uma fase de “bonança” no meio da tempestade que é o capitalismo, dizer àqueles que passaram a tomar água de coco depois de um duro dia de trabalho que essa realidade só será duradoura em outro modo de produção, apenas no socialismo, é uma tarefa quase que impossível.

Quando vemos um trabalhador que permanece explorado da mesma forma que antes afirmando com toda convicção de que sua vida está melhor e vê os demais de sua classe também se beneficiando cria-se uma cortina de fumaça na realidade que os fazem esquecer de tudo que passaram, isso era o que eles sempre sonhavam. Ele não está cem por cento errado, se não fosse a falsa certeza dele de que de agora pra frente a tendência é só melhorar ainda mais.

Em nossa opinião esses momentos em que o trabalhador passa ter maior poder aquisitivo – ainda muito inferior a pequena parcela dos ricos – é uma oportunidade na qual os comunistas precisam aproveitar, pois é mostrando um exemplo prático que apenas numa sociedade de iguais condições e oportunidades a todos que as necessidades da maioria podem ser atendidas. E, demonstrando que no capitalismo há sempre a exploração e a acumulação por poucos é que eles vão entender qual sociedade os comunistas falam.

O próprio capitalismo comprova que no período de elevação do emprego que possibilita mais pessoas a comprar e adquirir bens é um período curto, e que o pesadelo da crise do capitalismo recai principalmente para a faixa mais vulnerável a esse sistema – a classe trabalhadora – deixa no subconsciente da classe o reconhecimento de que as afirmações são verdadeiras graças a comprovação prática vivida.

Não se calar e denunciar a qualquer tempo – seja nas crises seja nos momentos de crescimento de acesso ao consumo – as mazelas promovidas pelo sistema capitalista é um dever dos comunistas na busca da conscientização da classe trabalhadora para mudar sua postura, mesmo que esse processo seja lento, será menos prejudicial do que o silêncio.

Nos momentos de crise – que é cíclica – o papel dos comunistas é apresentar as propostas necessárias, que passa pelo fim da propriedade privada e vai até a produção sob controle dos trabalhadores. Nas crises o povo trabalhador tende a passar fome e os que são mais afetados de acordo com índices de endividamento, perda da renda e desemprego. Então, não nos calemos!

Texto escrito para a coluna “Opinião De Esquerda” no Jornal Notícias Popular em fev/2011.

Sou apenas um trabalhador assalariado, casado com a companheira Irisnete Geleno, pai de quatro filhas(Ariany, Thamyres, Lailla e Rayara), morador da periferia (Boca da Mata-Imperatriz), militante partidário (PSTU) que assumiu algumas tarefas eleitorais como candidato (2006, 2008, 2010 e 2012) e que luta por uma sociedade COMUNISTA. Sempre fui e continuarei sendo a mesma pessoa de caráter que meus pais, minha escola, meus amigos ajudam a forjar. Um comunista escravo do modo de produção capitalista que não aceita a conciliação de classe defendida por muitos que se dizem de "esquerda", mas que na verdade são pequeno-burgueses que esperam sua chance no capitalismo.

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