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Durante minha infância assisti muitos filmes de piratas. Filmes cheios de aventuras e tesouros, mas não entendia por que, com tantas riquezas conquistadas, os trajes dos piratas eram tão maltrapilhos e conviviam com tanta sujeira que atraiam vários insetos e roedores. Analisando o aspecto roedores, aquele local era um verdadeiro paraíso, além do que “viajavam pelo mundo inteiro sem gastar nenhum tostão…” Enquanto o local lhe oferecesse condições de sobreviverem, estavam por lá. Como nem tudo é calmaria, ao sentirem qualquer risco, eram os primeiros a abandonar o navio, e tudo aquilo que eles haviam passado de bom naquele local não valia mais nada. Interessante, os homens também agem como roedores, ratos do capitalismo.
Mais uma vez a vida imita a vida, homem imitando o animal. Um trecho da cidade que outrora a mais emergente da região, com várias empresas e tráfego intenso que deixava a entrada da cidade com aparência de uma cidade próspera. Muitos anos se passaram, enquanto era interessante o comércio de Imperatriz, os empresariados estiveram por lá. Ao menor sinal de risco, fizeram como os ratos em um navio, um bom exemplo de como funciona o “capitalismo animal”; a “Nau-Imperatriz” já vem há muitos anos naufragando graças aos “capitães pernas-de-pau” — gestores municipais —, hoje a noção dos que passam por este trecho é a de estarem entrando numa “cidade fantasma”, com vários galpões abandonados.
O personagem principal aqui não são os ratos e sim os “capitães pernas-de-pau” e os mares por onde a “Nau-Imperatriz” tem navegado. Capitães que assumiram o leme com nenhum interesse de traçar a localização atual neste vasto “mar” e sem elaborar uma carta de navegação para levar o navio a um porto seguro. Somente olham para o horizonte e segue, sem rumo ou destino, o que mais impressiona é sua capacidade de incentivar o ataque a outras embarcações e tripulações, prometendo o posto de capitão, e que se dane a tripulação que se arrisca a andar na prancha caso o ataque não seja bem-sucedido.
Não sabiam eles pilotar um navio neste “mar” tempestuoso que é o capitalismo, onde as intempéries são mais constantes que as bonanças. Esse sim é o “roedor” mais repugnante, não apenas abandona o navio no menor sinal de perigo, mas o seu abandono condena ao naufrágio mais rápido sem dar oportunidade aos outros ratos de escaparem. Tudo isso parece uma história de piratas e aventuras náuticas, mas nada mais real do que uma crise que o sistema capitalista causa numa economia de aparências. Não seja você mais um rato, assuma seu papel nesta tripulação e dê um destino certo e seguro a este navio.