Muitos analistas políticos – tanto da esquerda quanto da direita – dirão que o Impeachment, após quatorze anos no poder e quatro de mandatos consecutivos no mais alto cargo do executivo brasileiro, seria o fim de um ciclo da era PT no poder, para outros a volta do PT à sua posição original de oposição e defesa de uma classe que os elegeram até agora e pela qual disse governar.
Há de se reconhecer que em alguns pontos, tanto os opositores de direita que conseguem assumir o poder por fora de um processo eleitoral, quanto o governo Dilma Rousseff/PT de se sentir traídas por aqueles que até ontem governavam lado a lado. Ambos têm argumentos para justificar toda a crise política até aqui registrada pelos fatos e que a história recente brasileira registrará.
Mas não, esse nem é o fim de um clico de um modo de gestão política (neoliberal) por uma mudança de partido e de seu representante, muito menos de uma mudança de “trincheira” do PT. Uma falsa esperança dos dirigentes do PT que eles ainda mantêm as mesmas bases de quatorze anos atrás será confirmada daqui pra frente.
A crise e degeneração do PT expostas enquanto detentor do poder e gestor do capital nacional que levaram a jogar o jogo do sistema capitalista, e, por conseguinte, do atolamento até as mais altas figuras públicas construídas pelo partido em seus mais de 36 anos de existência.
Com o impeachment confirmado, continua-se o projeto que vinha sido posto em prática pelo PT, conquistando a retirada de direitos da classe trabalhadora e mantendo, ao mesmo tempo, esses trabalhadores com um sorriso de orelha a orelha num estado hipnótico. O que veremos daqui pra frente será o mesmo projeto com uma velocidade nos ataques, mas com uma diferença, os ataques não serão mascarados. O poder da direita que estava ao lado do governo do PT virá com uma sede acumulada de quatorze anos.
Nesse momento, a classe trabalhadora terá a oportunidade de buscar construir uma alternativa socialista e revolucionária que represente suas necessidades imediatas, mas que tenha uma visão tática de tomada de poder controlada por conselhos populares de trabalhadores. Pois o PT tende a trilhar sua posição constituinte, a de disputar as eleições burguesas – e toda a forma de financiamento pelo capital empresarial – e continuar jogando o jogo da burguesia, sempre tentando reconquistar a confiança que serve de um melhor gerente do capital. Basta resgatar uma fala do próprio Lula/PT (2009) “Se tem uma coisa que nenhum empresário brasileiro pode se queixar nos meus seis anos de mandato é que nunca se ganhou tanto dinheiro como no meu governo”
É evidente que os observadores mais sensatos que a postura política não se altera, o que veremos daqui pra frente será um acirramento dessa política com outros agentes que assumem o compromisso com o capital nacional e internacional frente a uma crise econômica mundial e de novos rearranjos no campo do capital monetário e do mundo do trabalho onde toda e qualquer redução de lucros tende a ser revestido pondo nas costas dos trabalhadores o ônus das crises que são inerentes do modo de produção capitalista.