Com o aumento de negócios em várias regiões do Maranhão, nos últimos dez anos pela empresa Suzano Papel e Celulose, que explora diretamente ou através de terceirizadas o plantio, extração e beneficiamento do eucalipto (inclusive para produção de carvão) muito se tem discutido sobre os impactos ambientais da plantação dessa monocultura no território maranhense.
Essa empresa, em suas audiências públicas – verdadeira peça teatral – tenta passar a ideia de uma “empresa ecológica”, usa os argumentos de geração de emprego, capacitação e assistência a comunidades tradicionais, reflorestamento e outras balelas que são aceitas pelos governos municipais e estaduais, aliás, elas só se instalam tendo muitas concessões de impostos e tributos desses governos.
Acabamos de receber a informação que na região do Baixo Parnaíba (Água Doce do Maranhão, Anapurus, Araioses, Belágua, Brejo, Buriti, Chapadinha, Magalhães de Almeida, Milagres do Maranhão, Santa Quitéria do Maranhão, Santana do Maranhão, São Benedito do Rio Preto, São Bernardo, Tutóia, Urbano Santos e Mata Roma) a ordem é encerrar suas atividades ou no mínimo, investimento zero. Qual seria agora o discurso da empresa após ter devastado várias áreas de cerrado: bacuri, pequi, babaçu etc. -, ter usado o cultivo de uma planta que não é nativa durante vários anos, além dos defensivos (veneno) e agora, a retirada dos postos de trabalho de quem deixou a vida de pequeno produtor rural para ser operário da empresa?
Podemos citar várias justificativas para a retirada da empresa da região, uma mais recente é o fato de que a empresa está sentindo o impacto da crise econômica internacional – grande parte de sua produção vai para o exterior -, ou pelo fato da necessidade do capital de estar se movimentando geograficamente em busca de condições de produção e mão-de-obra mais barata, e ainda, do fato de que há inúmeros litígios referentes a não comprovação legal pela empresa da posse das terras. A empresa vem numa briga com movimentos tradicionais inclusive em comunidades quilombolas: Bom Sucesso e Mata Roma. Em nossa análise, a saída da empresa dessa região é a soma de todos esses fatores e, uma vitória para os movimentos sociais que brigam pelo direito dos posseiros, quilombolas e ambientalistas.
O processo de acumulação de capital no modo de produção capitalista é mais previsível do que parece, seu discurso de redentor econômico cai por terra nesses momentos. Na ânsia de explorar e explorar (homens e meio ambiente) para lucrar se mostra como um “mal necessário” ao se implantarem num município, quando vem à crise para eles é fácil abandonar o município, lançar os trabalhadores no desemprego e deixar o rastro de degradação ambiental dificultando a retomada de uma nova atividade na terra.
Publicado no blogue Territórios Livres do Baixo Parnaíba e enviado por Mayron Régis, Jornalista e Assessor do Fórum Carajás, com atuação no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM)