Você sabe o quanto paga para trabalhar?

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Como assim, eu recebo para trabalhar?! É nisso que acredita a maioria dos trabalhadores, convencidos de que o trabalho assalariado é uma forma justa de remuneração. Seja nas melhores condições ou submetidos à precarização das condições de trabalho, como: assédio moral, jornadas excessivas, obrigatoriedade de horas extras, o salário recebido pelo trabalho realizado e pago ao final da jornada (diária, semanal, quinzenal ou mensal) pelos proprietários dos meios de produção que o sistema capitalista criou e, seja qual for o maior salário, nunca será o justo. Nesse texto tentaremos demonstrar isso.

Para justificar a pergunta no título do texto, é preciso que façamos um exercício lógico e matemático, onde o resultado sempre será que o trabalhador assalariado vai pagar – e paga caro para trabalhar – ou dito de outra forma, paga para usar os meios de produção do capitalista, ao trabalhador só resta apenas sua força de trabalho – item essencial para o capitalista acumular ou realizar a mais-valia das mercadorias ou serviços –, mas da riqueza produzida pelo seu trabalho, apenas a mínima parte o trabalhador consegue usufruir, o restante é apropriado pelos proprietários dos meios de produção, o patrão. Marx em seus Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844), apresenta da seguinte forma:

[…] os salários têm exatamente o mesmo significado da manutenção de qualquer outro instrumento de produção e do consumo de capital, em geral, de modo que este possa reproduzir-se a si mesmo com juros. É como o óleo aplicado a uma roda para conservá-la rodando. Os salários, portanto, formam parte dos custos necessários do capital e do capitalista, e não devem exceder ao montante assim necessário.

Seja qual for a categoria (comerciário, pedreiro, carpinteiro, técnico em informática, etc.) na relação de empregado assalariado o trabalhador assume a tarefa de produzir mercadorias ou serviços através dos meios de produção (uso da loja, dos equipamentos da empreiteira, do escritório da empresa.) para, através de seu trabalho, seja criando bens (sapatos, casas, móveis, etc.) ou prestação de serviços (vendas ou assistência técnica, etc.), o montante (soma) de tudo o que foi vendido ou recebido pela sua prestação de serviço à empresa terá – nesse modo de produção capitalista – que ser sempre superior à soma dos custos que o proprietário tem para manter a loja/empresa: aluguel, luz, telefone, impostos, depreciação de máquinas e equipamentos e a margem de lucro – que ele provisiona no seu negócio – e a menor parte desses custos é o salário que será repassado ao trabalhador.

Qual o trabalhador do comércio, não se questionou do porquê de precisar vender R$10.000,00 em mercadorias durante um mês para que consiga alcançar o salário mínimo de R$760,20[1], ou uma empresa prestadora de serviços que contratou um serviço de instalação elétrica residencial por R$5.000,00 que será realizado por um eletricista – funcionário da empresa – que vai concluir todo o trabalho em uma semana além de outros serviços, e, ao fim do mês receberá R$ 1.485,15?[2]. Muitos justificarão: sim, mas se ele não cumprir com as vendas estipuladas ou, a empresa não conseguir muitos contratos, ela é obrigada a pagar no fim do mês os salários ao qual ele faz jus? Bom, no capitalismo não há meio-termo: quantos meses você pensa que a empresa vai pagar os salários sem que ele (trabalhador) produza o seu próprio salário, os impostos e o lucro para o patrão? Quanto tempo uma empresa sobreviveria, não conseguindo contratos para explorar a força de trabalho do trabalhador? Não por muito tempo.

Para os teóricos do liberalismo, Adam Smith e David Ricardo era essencial reforçar que a existência da propriedade privada nas relações de produção beneficiaria ambas as classes: “Podia ser cientificamente provado que a existência de uma classe de capitalistas donos dos meios de produção beneficiaria a todos, inclusive aos trabalhadores que se alugavam a seus membros.” (HOSSVAWM, 1996, p. 259)

Desnudar toda essa lógica, de apropriação da riqueza produzida pelo trabalhador e apropriada pelos capitalistas, foi a grande contribuição de Marx à classe trabalhadora. No trecho a seguir, dos Manuscritos Econômico e Filosóficos e sua forma de acumulação de capital DMD’, Marx sintetiza a falsa promessa da ideologia liberal e o lema da principal revolução burguesa da história, Revolução Francesa, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. A desvalorização do mundo humano aumenta, na razão direta do aumento de valor do mundo dos objetos. O trabalho não cria apenas objetos; ele também se produz a si mesmo e ao trabalhador como uma mercadoria, e, deveras, na mesma proporção em que produz bens (MARX, 1844).

Vamos num próximo texto tentar pôr um exemplo didático, que é a dinâmica da fábrica de sapatos, muito usado em cursos de formação marxista, nessa dinâmica que serve como exemplo, nunca vi um só trabalhador que não saísse indignado ao perceber, na prática, quanto é explorado.

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[1] Piso da categoria dos comerciários em Imperatriz conforme Acordo Coletivo de Trabalho vigente
[2] Piso médio de um profissional eletricista, colhido de um site especializado endereço: http://www.aquitemrh.com.br/salarios.php?page=25

Sou apenas um trabalhador assalariado, casado com a companheira Irisnete Geleno, pai de quatro filhas(Ariany, Thamyres, Lailla e Rayara), morador da periferia (Boca da Mata-Imperatriz), militante partidário (PSTU) que assumiu algumas tarefas eleitorais como candidato (2006, 2008, 2010 e 2012) e que luta por uma sociedade COMUNISTA. Sempre fui e continuarei sendo a mesma pessoa de caráter que meus pais, minha escola, meus amigos ajudam a forjar. Um comunista escravo do modo de produção capitalista que não aceita a conciliação de classe defendida por muitos que se dizem de "esquerda", mas que na verdade são pequeno-burgueses que esperam sua chance no capitalismo.

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