Quase sempre, nos meios de comunicação, em especial blogs e jornais – TV’s e rádios são em grande parte exclusividade dos grupos que os comandam – ao citar nomes de trabalhadores que rompem com a barreira econômica e colocam seus nomes para a avaliação do eleitorado nas eleições precisa ser reconhecido como um sindicalista, como professor, bancário etc. para justificar seu “direito” de participar no jogo político eleitoral. Assim, em algumas matérias das quais fui citado era recorrente me adjetivarem como um sindicalista, um professor, um bancário justificando assim minha participação nesse processo.
O objetivo vai muito além de dar ênfase a essas categorias profissionais tão importantes como as demais (pedreiros, carpinteiros, garis, comerciários, farmacêuticos, técnicos em enfermagem, técnicos em informática entre outros). Nessas matérias omitem o fato que essa figura pública é um trabalhador assalariado – da iniciativa privada – que sobrevive, assim como os demais, da venda de sua força de trabalho. Reconhecer isso seria muito perigoso à classe política dominante e ao patronato que mantém seus representantes nos cargos legislativos e executivo, Brasil a fora.
Os trabalhadores da iniciativa privada – assalariados – são uma categoria ainda mais segregada do processo de disputa pelo poder político nas eleições, pois diferente do serviço público, eles não têm a possibilidade do afastamento das suas funções durante o processo eleitoral de forma remunerada. Dessa forma, para ir em busca dos votos necessários resta a opção de pedir demissão ou simplesmente usar seu poder “democrático” de voto nos candidatos que estão na disputa, pena que até isso eles ainda prefiram o voto útil – voto no que tem mais capacidade financeira e de campanha – em candidatos, que em sua totalidade representam os interesses dos patrões.
Já é reconhecido por todos que a questão econômica é um dos principais empecilhos a candidatos sem recursos financeiros terem um baixo índice de votação devido sua campanha quase não existir, reforçando a máxima: “só é lembrado quem é visto ou ouvido”, mas há muitos outros além desses por trás da permanência dos mesmos grupos no poder político. Nas grandes cidades os veículos de comunicação de massa – TV’s e rádios – são fontes de divulgação constante dos que se mantém no poder, basta saber de quem são os proprietários das emissoras e seus aliados de primeira hora. Quando chega o programa eleitoral gratuito se tem a falsa impressão que nesse momento se abre o “direito” de igualdade a todos, grande engodo, o tempo exímio mal dá pra fixar a imagem do candidato (operário) na tela, enquanto os poderosos criam uma realidade perfeita que se Deus tivesse divulgando seu paraíso durante o período da propaganda eleitoral, seria facilmente vencido pela criatividade dos marqueteiros com suas técnicas de falsidade.
Agora imagine os pequenos municípios, grande maioria no Estado. Nesses as emissoras de Rádio e TV são poucas, algumas rádios “comunitárias”. Sem fiscalização, os donos – como já citamos geralmente o “líder” político ligado aos partidos da elite – dessas emissoras e rádios fazem o que querem. Em 2010 tive a oportunidade de percorrer alguns desses pequenos municípios do Sul do Maranhão: Carolina, Riachão, Balsas, Pastos Bons, etc., e vimos como o domínio e o descumprimento às regras “democráticas” das eleições são burlados por esses grupos. Em várias dessas emissoras nossas mídias com as inserções eram negadas seu recebimento e quando recebiam deixavam subentendido que sua vinculação dependia da aprovação do proprietário, ou seja, sendo de um correligionário das oligarquias e partidos das elites, fica evidente que sua vinculação seria remota.
Não é à toa que se houvesse uma pesquisa ampla no Maranhão sobre quais as figuras políticas são lembradas pelos eleitores, além dos locais, só aqueles que mantêm proximidade dos detentores do poder, conseguem, pelos acordos financeiros e políticos acesso à mídia. Assim, para a grande maioria da população o único político são os Sarneys, as siglas partidárias é muito difícil eles lembrarem, muito menos diferenciar as práticas políticas um dos outros, pois só teve contato com as velhas práticas patrocinadas pelos oligarcas e pelos partidos conservadores, a velha troca de favores por voto.