É preciso um texto maior, para os que de um lado, apoiam a extrema-direita, e de outro, os que contrários (eleitoralmente falando) são oposição a essa direita radical, para deixar claro que o estrago já está feito. E o início não foi na polarização eleitoral de 2018, entre o pensamento liberal (defendido por uma direita fascista) e a social-democracia (de uma esquerda reformista e conciliadora de classes).
A ascensão da ideologia de direita que deixa claro sua necessidade de manter o direito de exploração econômica e cultural sobre sua classe antagônica (classe trabalhadora). A conquista de terreno no campo ideológico reacendeu durante os protestos contra os aumentos do transporte público em 2013 quando a burguesia (e os trabalhadores que se acham burgueses) foi às ruas juntos aos trabalhadores para exigir a redução das tarifas em R$0,20.
Ela percebeu que precisava mostrar a cara na rua, e, durante a fragilidade de um governo conciliador de classes, e um movimento que pregava “horizontalidade” refletida numa falta de direção se aproveitou para plantar um discurso que há fortaleceria, já durante aquele memento, mas mais fortemente a posterior. Estava na mensagem desse discurso uma ideia forte e reacionária “sem partido”.
Muitos militantes partidários, com e sem formação teórica/ideológica, naquele memento preferiram recuar vestindo camisas brancas (neutras), baixando suas bandeiras e aceitando a mensagem “sem partido”, como se isso surgisse de uma “espontaneidade” das massas insatisfeitas com os serviços e os preços das tarifas. Iludiram-se, numa sociedade de classes não há espontaneidade. A direita estava assumindo a direção ao não aceitar que os partidos progressistas dirigissem as massas, esse fato não foi percebido pelos partidos progressistas majoritários.
Agora, essa direita que em 2013 gritou “sem partido” e os que conseguiram captar (grande parte de uma massa alienada) que se declaravam “apartidários” formam hoje o exército de “direitistas” convictos apoiados por insatisfeitos captados pela ideologia das elites que dão voto na candidatura de ultradireita, só nivelada aos fascistas.
O progressista atônito com a grande quantidade de indivíduos ganho por esse discurso de ódio que prega a violência como saída para a crise, tendo como mote a corrupção, está defendendo no campo eleitoral o espaço para a derrota do candidato e das ideias fascistas que germinam no interior da sociedade brasileira. Estão, assim, mais uma vez caindo no erro de afirmar que essa ideologia será neutralizada, derrotando – eleitoralmente – o candidato que dissemina – diria que faz revelar algo que já está lá – esses sentimentos animalescos de indivíduos alienados que o Brasil cria.
Se os partidos progressistas e “democráticos” se unirem e conseguirem derrotar esse candidato, não é dado que esse discurso e ação ultradireitista irar se dissipar facilmente, basta ver os resultados do discurso “sem partido” que trouxe essa ultradireita até aqui. Como dissemos, o estrago já está feito, mas isso não quer dizer que não possa piorar. A movimentação que estão fazendo os partidos progressistas e democráticos, apostando só no processo eleitoral e na conquista do direito de gerir o Estado burguês a meu ver levará, ai sim, a uma nova investida dessa onda conservadora com a atuação do militarismo, voltando ou tomando o poder. Pior, com a anuência de uma massa que passou a ver o ativismo civil por saúde, educação, moradia, terra, salários etc. como “terroristas” e corruptos.
É preciso unificar a classe trabalhadora e colocar as massas em movimento nas ruas, com direção revolucionária para demonstrar a força que cada um tem nessa luta de classes. A traição da greve geral, que poderia reforçar a classe trabalhadora, nos colocou em uma situação desfavorável, mais ela ainda é um instrumento importante para demonstração de força, capaz de elevar a consciência para nos preparar para os dias sombrios que virão, o candidato fascista derrotado ou não.