Todos concordam que a “ideologia dominante é a ideologia da classe dominante”. Então, podemos afirmar que a ideologia que os trabalhadores defendem é a ideologia dos patrões — o capitalismo — onde grande parte do fruto do trabalho social é acumulada pelos proprietários dos meios de produção.
Partindo dessa constatação há uma pergunta que necessita de uma resposta urgente: o trabalhador conhece essa ideologia?
Só respondendo a essa questão poderemos traçar estratégias para a revolução da classe trabalhadora. Um dos grandes equívocos — a meu ver — dos intelectuais e partidos de esquerda é achar que a classe que detém todas as condições de garantir o bem-estar, a natureza e uma sociedade justa — a classe operária — está consciente de seu papel. Acredito que não! Não que ela seja intelectualmente inferior, mas pelo fato de que em grande medida uma geração de trabalhadores só teve contato com um único meio de subsistência — a venda de sua força de trabalho — a cada dia negociada por um valor ainda mais irrisório frente às necessidades fundamentais de sua subsistência, além de outra grande parcela que aguarda no “estoque” — o lumpemproletário — até que esse mercado os chame.
Essa alienação dos trabalhadores pode se constatar em vários momentos. Quantas vezes em momentos de crises vemos os patrões reclamando que sua acumulação de capital — lucro — foi reduzido a patamares não aceitáveis para a manutenção da acumulação e recorre como única saída encontrada à redução de direitos, salários e aumento da jornada de trabalho para os operários. Dentro dessa negociação há o papel fundamental dos sindicatos, que em sua maioria negociam para que os trabalhadores aceitem as soluções encontradas pelos patrões. Quando esses momentos de crises passam, nem os trabalhadores, nem os sindicatos, muito menos os patrões restabelecem os direitos de antes da crise, e assim, cada vez mais temos uma classe mais “escravizada” às correntes ideológicas burguesas.
Os trabalhadores precisam se perguntar:
Só porque meu patrão é o proprietário dos meios de produção, tenho que me submeter às suas condições?
O valor pelo trabalho desempenhado é tão baixo? O salário que recebo do patrão só garante me manter vivo, procriando e produzindo?
O Estado, ao taxar com encargos sociais (empregados e empregadores) o trabalho para financiamento de previdência e outros “benefícios”, atendem, verdadeiramente, as minhas necessidades ao fim de minha vida produtiva?
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