É comum ouvir falas afirmando que a mídia é um quarto poder, que vez por outra se sobrepõe ao executivo quando divulga matérias de descaso na infraestrutura, por exemplo, e os gestores se apreçam para resolver a fim de neutralizar a propaganda negativa; ao legislativo a força de suas matérias sensacionalistas sobre algum tema desperta nos parlamentares a necessidade de criar leis para protegê-los e como forma de solução imediata. Até mesmo no judiciário há uma influência diretamente ligada ao grau midiático que cria força nas massas, afetando assim, as decisões e as ações no campo do direito.
Mas a mídia é um quarto poder? Não, até porque ela depende de forças auxiliares para se manter exercendo algum grau de influência nas massas. Depende dos governos, depende dos políticos e depende do judiciário. Seja para que esses poderes constituídos não passem a questioná-los no campo econômico, político e judiciário. Vejo a mídia como um partido da burguesia – com posição de classe –, enquanto ferramenta de propaganda da ideologia dominante.
O que a mídia fez nesse domingo, 13 de março, foi dar publicidade aos anseios de sua classe para a retomada do poder completo, o PT com sua política de conciliação de classe só garantiu uma parte desse poder. Ao dizer que os que foram pra rua protestavam contra um partido – que está no poder 13 anos – a mídia [partido], queria dizer que a corrupção surgiu de um governo dos trabalhadores, e omitem que esse partido gerenciou até agora na verdade os interesses da burguesia.
Para lograr êxito em sua tarefa a mídia precisava e, encontrou no Juiz Sérgio Moro a figura que faltava nessa sua investida de classe. Nesse sentido a mídia junto com o judiciário é uma composição perfeita para os interesses da classe dominante.
Vossas próprias idéias são apenas uma decorrência do regime burguês de produção e de propriedade, assim como vosso direito é apenas a vontade de vossa classe erigida em lei, vontade cujo conteúdo é determinado pelas condições de existência de vossa classe. (KARL MARX, 1848, p. 42 – 43).
O judiciário tem uma estrutura em essência de defesa da burguesia, não se pensa que a justiça e o julgamento de crimes recaiam àqueles que detêm o poder do capital, mesmo que haja algum caso em que isso aconteça o processo e a burocracia do sistema judiciário resolve essas falhas. Mas de outro lado, ele pode ganhar ares de agilidade, mesmo contra detentores do capital que estão aliados, por exemplo, a um governo que afronta a estrutura de direção da burguesia, Moro e a Lava Jato comprova isso.
Os casos de corrupção divulgados pela mídia e investigado por Sérgio Moro tem um objetivo claro, e não é a moralização da coisa pública, pois tanto Moro quanto a mídia não divulgam os casos que envolvem o partido que eles querem ver de volta ao poder e, dando continuidade aos esquemas que sucateiam as empresas públicas e dão vantagens recíprocas às empreiteiras e aos políticos.
Por fim, a mídia, o Juiz Sérgio Moro e a lava jato mostrou mais do que a lama da corrupção no parlamento, no meio empresarial. Todos eles expuseram as vísceras da luta de classe.