O Ex-juiz, Sérgio Moro, hoje Ministro da Justiça do governo de extrema-direita que chegou ao poder no Brasil em 2018 levantou estranhamentos em muitos setores da sociedade brasileira. Sejam colegas de toga, sejam opositores do governo – ao qual ele fazia com que o rigor da lei fosse cumprido, o PT -, suas interpretações de fatos, imaginação de provas e vereditos surpreenderam muitos.
As interpretações de supostos casos de corrupção e recebimento de vantagens ilícitas, “Caixa 2” em campanhas eleitorais derrubaram por terra qualquer conceito de jurisprudência construído nas sociedades modernas, pois ele mesmo pôde criá-las ao seu bel-prazer. Um poder quase que “divino” – por que não seria? -, que lhe foi conferido notoriedades com as investigações da LAVA JATO. Aos olhos de muitos cansados de casos de corrupção, claro, os vindos de um partido de “esquerda”, pois os de direita não vinha, e não vem ao caso.
No vácuo de uma racionalidade lógica geral, o que assegurou o interesse de uma elite de toga, empresarial e políticos descontentes com a perda do poder de gerenciamento do capital por parte do PT. Esse “bloco histórico” como diria Gramsci, criou essa aberração via instituição jurídica nacional com um objetivo bem definido.
Moro, ultrapassou os limites da moral terrena e implantou uma moral divina dos tempos da idade média, uma junção de “os Borgias“ com “o Príncipe” na era das redes sociais. Foi a partir desses elementos que percebi algo, não só no discurso que tudo que profere vira lei e moral a ser seguido. Um verdadeiro déspota do judiciário ou de seu círculo com o mundo político de uma ala conservadora e retrógrada, sem citar aqui os fundamentalistas religiosos que querem uma sociedade à sua imagem e semelhança sob qualquer custo.
O perfil adotado por Moro, enquanto juiz, e agora, enquanto Ministro do governo que ajudou a chegar ao poder. Soube usar as peças e decisões no âmbito jurídico e a imprensa para criar um “justiceiro” que atenda a interesses nem sempre justos.
Para entender melhor Moro, refleti e alguns fatos foram me dando pistas para chegar a uma conclusão.
Moro, um paladino da moral e do combate à corrupção, um quase “franciscano”, que abandonou os privilégios e os rendimentos como juiz, que passou a receber uma reles remuneração de Ministro de Estado. O combatente da corrupção e o caçador implacável de corruptos oposto a sua classe.
Foram suas articulações corporais, mais especificamente suas mãos que percebi seu perfil de “Cânone”. Não vou dizer santo do pau oco, porque ele sempre deixou claro a quem ele representava.
Na iconografia das religiões, os santos sempre foram retratados com uma áurea sobre a cabeça, mas também uma posição de braços e mãos bem específicas. Tudo, inclusive as configurações dos dedos servia para passar uma mensagem, seja para chamar atenção à preparação do que seria dito, seja para dizer que ele mesmo falava em nome de Deus. Como descreve o ‘blog’ Aleteia (2017) “O gesto com este sentido se aplica ainda ao sacerdote diante dos fiéis – o que também explica a representação de santos sacerdotes com as mãos erguidas da mesma forma.”
Moro soube usar bem o vácuo de racionalidade que citei acima para, com seus apoiadores dentro das várias frações da burguesia, se blindou e se constituiu como aquele que tudo que diz é “verdade”, quem questiona um “santo”?
Nas imagens abaixo, vemos suas “mensagens”, assim como se vê nas iconografias dos santos reconhecidos pela tradição religiosa. Mesmo aquelas denominações que não têm as imagens ou santos como intercessores de Deus não escapam da assimilação da ideia da religião hegemônica, se não hoje, mas num passado bem próximo era, a religião de tradição judaico-cristã.
Como se pode explicar sua participação como ministro numa quadrilha organizada de milicianos e defensores dos crimes da ditadura civil militar no Brasil? Na presunção de inocência do partido do governo que ele participa da prática de CAIXA 2? Na confissão de crime de CAIXA 2 por Onyx Lorenzoni e sumariamente absorvido por ele? Apenas um autoproclamado cânone teria esse poder.
A presença de Moro no governo Bolsonaro é a indulgência necessária para a construção de um nome político que une o santo e o profano na política. Uma alternativa a ser criada para o Brasil submisso e sob a tutela imperialista.
No campo terreno, um “santo” que toma partido, como é o caso do Ministro Sérgio Moro, não tem como manter suas “verdades” e sua moral sendo propagada entre os membros do governo. Moro é mais terráqueo, dos piores deles, quer impor um nepotismo jurídico como fez durante a LAVA JATO dentro da lama da política brasileira que leva o Brasil a um estado de irracionalidade permanente.
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