Obama: “Não vamos mais espionar nossos aliados”

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EspionagemAo ouvir que Obama afirmar que deixará de espionar os aliados, mas que continuará a fazê-lo com os inimigos – resta saber quem são seus aliados se eles [EUA] espionam até seus próprios cidadãos –, pois todos espionam.

Neste breve resumo buscaremos expor, de maneira simples, as principais ideias abordadas por Eduardo Jardim de Morais no artigo 11 de setembro – O que a filosofia tem a dizer sobre isso? publicado no caderno “O que nos faz pensar”, n. 15, ago. 2002, do departamento de filosofia da PUC-Rio.

Moraes observa que os fatos ocorridos no 11 de setembro – atentado às torres gêmeas nos EUA em 2001 – colocou em cheque os conceitos construídos até então sobre guerra. Destacando que o fato colocou analistas e comentadores da guerra em um “sentimento de desamparo das referências conceituais”. Na tentativa de melhor explicar os acontecimentos ele recorre às bibliografias referenciando-se nas obras Sobre a Violência de Hannah Arendt, na tese Velocidade e Política de Paul Virgílio e, em Martin Heidegger em sua obra Ser e Tempo a fim de entender quais os conceitos melhor podem explicar essa nova forma de guerrear.

Para melhor entender o caminho traçado por Moraes vamos destacar os principais pontos de cada autor, que, para ele tem uma importância para entender esse novo estado de guerra e de violência que se apresenta de forma inédita:

Em Arendt, ao analisar o contexto da guerra fria – países divididos entre dois blocos: Capitalistas e Comunistas – em uma passagem ela já questionava que a demonstração do poder da violência e da riqueza de uma nação não se manteria como certeza da segurança do não-ataque de outras nações consideradas menos potentes ou economicamente subdesenvolvidas. Em outra citação feita por Moraes sobre a obra Entre o Passado e o Futuro Arendt fala que mesmo tendo fim do pensamento tradicional de determinar o poder da violência isso não significaria o abandono por completo desse conceito, pelo contrário “torna-se ainda mais tirânico à medida que a tradição perde sua força[…]”.

O principal problema destacado por Morais ao identificar que o cenário de guerra contemporâneo pode ser considerado por duas perspectivas, é justamente a definição desses aspectos que surge a pergunta: Como caracterizar esta novidade? A caracterização dessa nova forma de guerra fica evidente por se caracterizar pela inexistência dos critérios espaciais tradicional, por conseguinte não se pode atribuir quem efetuou o ataque. Situação bem diferente da que se identificava o confronto que obedecia aos critérios espaciais resultando na divisão territorial em fronteias e regiões, Sul e Norte, etc.

No cenário da guerra fria Moraes destaca a tentativa de Hannah Arendit em descaracterizar o uso da violência – instrumentos bélicos – como um “[…]recurso não válido politicamente” posição também defendida por intelectuais como Sartre e militantes pacifistas. Defendendo que o poder parte do âmbito político, necessariamente não-instrumental. A exemplo do que ocorreu após 1945, com a corrida armamentista das superpotências. Mesmo após a perda da eficácia do uso dessas armas pois “[…]se alguém “vence” é o fim para ambos” e a conseqüência era a possibilidade de destruição mútua. Transformada numa guerra de dissuasão, onde o desenvolvimento de armas e o fato de ter posse desse instrumental garantia o não ataque, pois seria o fim para ambos. Invertendo assim a definição tradicional de Clausewitz, passando a paz no contexto da guerra fria seria a continuação da guerra por outros meios, onde as ações políticas são marcadas pelo principio da dissuasão.

Para Moreas, as caracterizações feitas por Arendt ainda não respondiam o que ocorreu com o 11 de setembro e apresenta a análise feita por Paul Virílio de outro momento histórico. A tese apresentada por Virílio defendia que a velocidade da técnica sempre envolveu uma retração do território. A revolução dos transportes de massa no século XIX (ferroviário, rodoviário, marítimos) até a substituição pelos aeroportos no século XX. E, no século XX vem a segunda revolução, a das transmissões ou das telecomunicações, derrubando significativamente as barreiras espaciais e geográficas, as viagens não se fariam mais via aeroporto mais sim por teleporto.

Virilio desenvolve sua história das guerras em etapas: primeiro as guerras de destruição, segundo a de dissuasão – que é a não guerra – ou guerra pura por se contentar em produzir os meios que não utilizará, evoluindo então para a guerra da comunicação, ou também chamada de guerra de controle. Nessa analise o contexto dos blocos identificados na guerra fria não existem mais, tornando a guerra novamente possível. Uma nova guerra, a que produz armas de controle com o objetivo de paralisar, supervisionar as ações do inimigo, exemplo dado por Virílio seria a Guerra do Golfo. Com o desenvolvimento das tecnologias de telecomunicações, esse instrumental passou a estar ao alcance de todos, criando uma situação de um “desequilíbrio do terror”. Não basta mais ter as armas, pois a principal arma atual é a informação, definida por Virílio uma mudança de “guerra substancial” por uma “guerra acidental”, e, principalmente sem um ambiente territorializado que levou as grandes potencias a buscarem um novo campo de batalha, não localizado espacialmente, convivendo com “um estado de guerra difuso”. Quebrando assim o paradigma de que guerra pressupõem a implementação de novos armamentos ou tecnologias, mas do melhor aproveitamento das informações acerca do inimigo, muito diferente da associação apontada em Sobre a Violência de Arendt onde a demonstração do poder tinha como parceiros as industrias para a criação de novas tecnologias armamentistas, bem caracterizado pelo cenário da guerra fria com suas bombas atômicas. Virilio argumentava que a história das guerras pode ser contatas como uma historia do desenvolvimento de armas: de obstrução, de destruição, de dissuasão até as que são usadas agora, as de comunicação, em especial a informação colhidas através de espionagem ou interceptação principalmente através da internet (rede mundial de computadores).

Moraes recorrendo a Heidegger apresenta a discussão entre os sentimentos de medo e angustia diante da indefinição que para ele pode dar respostas ao que acontece no momento atual no sentido de que não se pode definir os adversários de uma nova guerra e como se daria a investida de ambos. Essa perda de substancialidade ao real se caracteriza mais na angustia de que ao medo. Nesse estado de angustia os homens estariam diante de nada, ou seja, não se viam no mundo e os medos concretos dos quais tinham referências.

Link para o texto original: 11 de setembro – O que a filosofia tem a dizer sobre isso?

Sou apenas um trabalhador assalariado, casado com a companheira Irisnete Geleno, pai de quatro filhas(Ariany, Thamyres, Lailla e Rayara), morador da periferia (Boca da Mata-Imperatriz), militante partidário (PSTU) que assumiu algumas tarefas eleitorais como candidato (2006, 2008, 2010 e 2012) e que luta por uma sociedade COMUNISTA. Sempre fui e continuarei sendo a mesma pessoa de caráter que meus pais, minha escola, meus amigos ajudam a forjar. Um comunista escravo do modo de produção capitalista que não aceita a conciliação de classe defendida por muitos que se dizem de "esquerda", mas que na verdade são pequeno-burgueses que esperam sua chance no capitalismo.

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