Se nos fixarmos apenas na aparência dos fatos, ao ponto de uma ilusão consciente, é notório que nominalmente o resultado foi favorável à Dilma Rousseff/PT frente a Aécio Neves/PSDB, reconhecido pelos números, pela Justiça eleitoral e pelo adversário Aécio no próprio domingo (26/10). Mas nem toda vitória nas urnas reflete uma manutenção de hegemonia do poder político como o PT pretende se iludir, o reflexo foi um processo eleitoral entre iguais.
Em 2010, também no segundo turno, Dilma Rousseff se elegeu com o apoio do então presidente de segundo mandato Lula, que vinha implantando suas políticas assistencialistas que temos hoje mais disseminadas e ampliadas. Na época se atribuiu a existência do segundo turno por ela ser pouco conhecida e nunca ter exercido um mandato executivo. O resultado foi uma votação em que obteve: 55.752.529 (56,05%) votos contra José Serra 43.711.388 (43,95%). Já nessa época o PT vinha perdendo, apesar de ganhar nas urnas, sua base na classe trabalhadora e na própria direção do partido como bem analisou Cyro Garcia em seu livro “PT: de oposição à sustentação da ordem” (2011) que destaca a composição da direção do partido, no inicio de operário para uma elite política profissional, mas não só isso, a mudança de discursos e ações que fizeram com que o PT se tornasse hoje o melhor partido para gerir o capital.
Nesse pleito de 2014 apesar de uma economia “estável”, ou pelo menos, sem uma crise aparente, com programas de expansão universitária (com qualidade duvidosa), financiamentos habitacionais, linhas de crédito a pessoas físicas que justifica – segundo o governo e seus economistas – uma ascensão de classe colocando uma grande fatia da população ao nível de consumidores, apesar disso, reduz nominalmente os votos[1]: Dilma Rousseff/PT 54.501.118 (51,64%) contra 51.041.155 (48,36) de Aécio Neves/PSDB. Resultando numa lógica inversa, ao passo que coloca a classe trabalhadora ao nível de consumidores levam a votar no partido adversário.
Apesar do Nordeste ainda seja o fiel da balança – Estado essencialmente de população pobre – não se pode achar que em regiões como o Sul e o Sudeste – Estados em que Aécio ganhou – não haja populações pobres que ao se veem como ricos – pelo menos na aparência artificializada pelo PT – e nada melhor que votar num partido de sua “classe”, agora o PSDB.
É notório que o PT já não faz mais analises de conjuntura, muito menos, sob uma perspectiva marxista dos fatos, e por isso mesmo busca na manutenção do jogo da política burguesa para buscar o dialogo amplo para o segundo mandato de Dilma. Compra de apoio com recursos público é o que sustentam o apoio, aumentando os casos de corrupção e o PT só se dará conta de que está perdendo suas bases de origem quando precisar efetivamente delas, por enquanto se contenta com o apoio do capital, isso lhe basta para se manter no poder até hoje.
[1] Segundo os dados do TSE houve um aumenta de votos válidos de 99.463.917(2010) para 105.542.273(2014), resultando num acréscimo de 6.078.356.